Olá, seja muito bem vindo ao meu Blog.

Eu Sou Janet.
Reservei este espaço para mostrar algumas coisas de meu interesse. Espero que você, visitante, também goste.
Os posts que não são de minha autoria estão com os créditos e a fonte.
Obrigada pela visita e volte sempre.




terça-feira, 24 de agosto de 2010

O MESTRE E A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA (EAD)

De que maneira, o questionamento da postura do mestre pode fundamentar a metodologia EAD ?

Por Janete Pinto 

A postura do mestre tem sido questionada ao longo da história, desde a antiguidade até os dias atuais. Aliás, não só questionada como também modificada, repensada, reconstruída e reinventada.

Na antiguidade clássica os sofistas eram tidos como detentores do saber, gostavam de exibir-se em grandes plateias, conferencistas hábeis na arte da oratória e retórica, sensibilizando e estimulando o interesse de seus espectadores na transmissão  de conhecimentos.

Já Sócrates, utilizava-se da maiêutica e da ironia para levar o indivíduo ao conhecimento que já existe dentro dele, mas está adormecido em suas reminiscências. Sócrates trabalhava com a idéia de que só aconteceria a evolução à medida que o individuo conhecesse melhor a si mesmo e suas limitações. Para ele a postura ideal era a de fazer perguntas, levar ao diálogo, levantar hipóteses e fazer o interlocutor pensar e elaborar seu raciocínio até chegar às suas próprias conclusões e aí ele teria chegado ao conhecimento, que já havia dentro dele.

Mais recentemente outro filósofo, Jacques Rancière, em seu livro O Mestre Ignorante, faz críticas não só aos sofistas como também à metodologia socrática. Para ele, a aprendizagem acontece numa relação sem mestre e sem aluno, onde ambos nada sabem e constroem juntos os conhecimentos. Na visão dele, Sócrates mantinha com o discípulo uma relação dialética de quem sabe para quem não sabe que sabe e ele seria o intermediador dessa descoberta, ou seja, da lembrança de algo que já se sabia.

Rancière coloca com toda simplicidade como deve ser, para ele, a descoberta do conhecimento, que Jacotot nunca havia dado nenhuma explicação a seus alunos acerca das letras, da conjugação e da ortografia, mas eles foram buscar e encontraram palavras correspondentes às que já conheciam. A partir daí ele se pergunta se existe a necessidade de explicações ou se elas são supérfluas. Será que existe a necessidade do mestre que precisa explicar o que já está explicado nas páginas dos livros?

Da mesma forma a metodologia na EAD não existe um mestre que venha nos mostrar e explicar aquilo que podemos encontrar sozinhos se procurarmos. É bem verdade que na nossa cultura, muitos de nós fomos educados desde sempre com a presença de um professor, detentor do conhecimento que deveria nos transmitir aquilo que nós ainda não sabíamos (?) e, além disso, posso dizer, fomos treinados para a memorização e a reprodução desse status.   

Recentemente, Paulo Freire, um dos maiores educadores de nosso país, conhecido por suas obras que são os pilares da pedagogia de nosso tempo, afirmava que ninguém ensina nada a ninguém e também não se aprende nada sozinho, mas aprendemos uns com os outros, mediados pelo mundo. Em uma de suas obras mais importantes, Pedagogia do Oprimido, ele destaca a importância de uma pedagogia libertadora, que liberte o indivíduo da opressão, que o torne um cidadão consciente e crítico para que possa atuar plenamente na sociedade. Ele condenava e educação burguesa, bancária, onde o professor depositava o conhecimento num aluno dócil e passivo. Dessa forma matavam no aluno sua criatividade, seu desejo de expressar-se e sua curiosidade. O desejo de Paulo Freire era justamente o contrário, queria despertar nos alunos a inquietação. Sua perspectiva era transformadora e libertadora.

Nesta postura onde existe o mestre, mas não no sentido que estamos acostumados, podemos dizer que se aproxima bastante da metodologia em EAD, onde termos a presença física e virtual de tutores que nos mostram alguns caminhos por onde podemos ir buscar nosso conhecimento, mas, em nenhum momento se colocam na posição de professores no sentido amplamente conhecido. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe seus comentários e dê sua opinião.Isto me ajudará a melhorar sempre. Obrigada.